Seth Woodbury MacFarlane (Kent, 26 de outubro de 1973) é um ator, dulbador, animador, roteirista, comediante, produtor, diretor e cantor estadunidense. Ele é mais conhecido por ser o criador da série de animação Family Guy (1999-presente), além de ser o co-criador dos programas American Dad (2005-presente) e The Cleveland Show (2009-presente), séries das quais Seth dubla vários dos personagens.
A descrição acima é do Wikipedia e, provavelmente, já está bem obsoleta para a carreira deste homem que conseguiu emplacar o sucesso Ted em 2012 e anunciou um longa de Family Guy para breve. Além disso, diante da grande bilheteria de Ted já começará filmar nos próximos meses uma continuação para a estória do ursinho de pelúcia politicamente incorreto.
Aliás, “politicamente incorreto” é uma expressão muito usada pelos críticos (e também pelos defensores) para caracterizar a carreira do próximo apresentador do Oscar (isso mesmo, ele fará isso também). Muitos processos por injuria, danos morais ou, simplesmente, por pessoas terem ficado chateadas com o que ele disse em seus inúmeros shows faria Rafinha Bastos ficar com vergonha de seu bom comportamento. E este é o ponto em que eu quero chegar. Seth é um comediante que ri de si mesmo, seus personagens riem de si mesmos, portanto, quando faz uma piada inicialmente preconceituosa e que ofende a alguém especificamente, na verdade, está rindo de si mesmo e criticando uma sociedade hipócrita que não aguenta seus próprios defeitos e, por isso, começa a apontar o defeito dos outros.
Na verdade, não é só nisso que Seth é melhor do que o comediante brasileiro citado acima. O criador de Peter Griffin não faz piadas para ser polêmico, ele eleva o sentido da piada para uma discussão moral, ética e não discrimina ninguém na hora de fazer rir. Ele não quer apenas “causar”, mas incita o riso para que as pessoas pensem o quanto são ridículas quando fazem coisas simples, mas que ofendem um outro alguém.
Por outro lado, também faz sentido analisarmos a sociedade na qual Seth McFarlene está inserido, pois nos EUA as celebridades não são endeusadas como pessoas acima do bem e do mal e elas sabem disso, tanto é que em muitas vezes elas mesmas participam de piadas que criticam a elas próprias. Já vimos em episódios de Family Guy, American Dad e The Cleveland Show participações de Johnny Depp, o republicano Rush Linbaugh, o físico Stephen Hawking, o polêmico Bill Maher, além de uma infinidade de outros e nenhum deles é tratado com reverência na dublagem que fazem.
No próprio filme Ted, lançado há pouco tempo, há a participação especial de Sam J. Jones (intérprete do super-herói Flash Gordon nos anos 80) interpretando a si mesmo e este usa drogas, fala abertamente sobre a decadência de sua própria carreira e de sua vida pessoal fazendo com que tenhamos algumas das melhores cenas da película.
Desta maneira, Seth nos faz ver uma sociedade misógina, preconceituosa, racista, com brigas entre religiões, filosofias e pensamentos políticos (exatamente do jeito que ela é na realidade) em que somente a ideia que cada um tem na cabeça é a correta para a solução dos problemas da humanidade.
Por fim, pode-se ou não gostar de Seth MacFarlene, mas o fato desta pessoa tocar na ferida de uma sociedade tão hipócrita já vale analisar algum de seus shows e esperar por algo diferente chegando no ano que está por vir, pois seus textos nunca passam incólumes. Eles sempre nos deixam desconfortáveis e isso é o que falta num mundo que se acostumou a ser politicamente correto para não deixar ninguém criticar e, desta maneira, prosseguir com os mesmos erros insanos que se cometem todos os dias nesse planeta chamado Terra.