“Idênticos” não é tão parecido com os romances policiais dos dias atuais

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Não é segredo para ninguém que o escritor Scott Turow é um dos grandes autores do romance de tribunal desde quando escreveu “Acima de Qualquer Suspeita” (Editora Record – 1987).

O fato de ter sido adaptado ao cinema dois anos depois pelo cultuado diretor Alan J. Pakula também ajudou na fama e na facilidade para trabalhar do autor nascido em Chicago.

Vieram inúmeros outros títulos de sucesso como “Declarando-se Culpado” (Editora Record – 1993) e “O Inocente (Editora Record – 2011), sempre voltados à sua formação jurídica.

Hoje, ele já coleciona 11 livros, dentre os quais nove são romances de ficção, com todos sendo considerados best-sellers, tendo ultrapassado a marca de 30 milhões de exemplares vendidos ao redor do mundo. Aqui, no Brasil, o número já passa dos 350 mil, cifra expressiva para os níveis do país.

Com a nova empreitada de Turow chamada “Idênticos” (Editora Record – 2013), o sucesso prossegue sem muito esforço. A obra já ocupou o segundo lugar na lista de mais vendidos do New York Times em 2013 e a crítica acabou por fazer boas resenhas do livro que aposta num círculo envolvendo a política para promover discussões que desembocarão num thriller emocionante.

A trama é simples em seu início, mas vai se se desenhando um complexo jogo de interesses que é jogado com o único intuito de angariar poderes para seus competidores: o senador Paul Gianis é candidato à prefeitura do Condado de Kindle e seu irmão gêmeo idêntico, está prestes a sair da prisão, onde cumpriu pena por 25 anos após sua confissão de homicídio de uma ex-namorada.

O que ocorre é que nas vésperas da eleição nas vésperas das eleições, Hal, o irmão mais velho da namorada do irmão gêmeo do candidato a prefeito, explode uma suspeita que havia guardado para si durante todo o tempo em que a maioria das pessoas achava já estar diante de um crime solucionado.

Como tal suspeita pode atrapalhar os planos de Gianis começa uma investigação acerca da morte de 25 anos atrás e da nuances que protelam os julgamentos do leitor e os destinos dos principais personagens.

Como uma boa escrita, marca reluzente de Turow, e interessante forma de esconder as verdades por detrás da trama principal, “Idênticos” viaja numa robusta narração que envolve sexo, traição e violência, podendo a partir daí, demarcar a tênue linha entre a força do poder ilimitado e a ojeriza do que leva a isso.

Não é o maior e mais empolgante livro de Scott Turow, mas ganha da maioria das obras atuais por não apostar em clichês derrotados há anos e por saber interagir com o leitor sem que apenas o engane com detalhes inócuos.

“Idênticos” é, portanto, um livro para ler sem ter vergonha de sua simplicidade, mas que não deixa a desejar no que promete entregar: um thriller de suspense, reviravoltas inteligentes e superação à realidade da literatura policial atual. Não é genial, nem tampouco obsoleto.