Nenhuma parafernália pirotécnica. Nada de telões ligados durante o show. Informação zero no palco a respeito de banda ou nome da turnê.
Foi assim que o público presente ao Espaço das Américas em São Paulo visualizou o local onde o Queens of the Stone Age iria tocar.
Numa época em que tudo aquilo que rodeia uma apresentação de música é tão ou mais importante do que a execução das músicas feita pelos artistas tal situação acontecida ontem na capital paulista é um alento para os amantes do bom e velho rock’n roll.
Ponto positivo em vários aspectos também para a organização do evento que, apesar de ter embaçado bastante para fazer uma fila quilométrica andar teve bom desempenho para receber os fãs e executar a entrada sem muitos vacilos ao interior da casa de espetáculos.
Não presenciei nenhum incidente grave e o comportamento dos presentes ao evento também contribuiu para um bom andamento da atividade da noite agradável que foi esta quinta-feira.
Além disso, o papel dos seguranças teve preponderância no que diz respeito á detecção dos espertinhos que queriam acender seus cigarros num espaço tão fechado como é o local. Mesmo assim, há de se elogiar o ar condicionado da casa já que aguentou bem a energia de um público que não parava de pular nenhum minuto e que, por este motivo, poderia elevar demais a temperatura ambiente.
No quesito “banheiros” mesmo com as filas sempre bastante grandes para adentrar aos sanitários ainda havia certa organização e lá dentro havia a conservação de certa limpeza.
Para quem conseguiu vencer a imensa fila logo na abertura da casa ainda pôde assistir a uma apresentação ok do músico americano Alain Johannes que segurou bem o público (que já estava ansioso pelo show principal) no esquema simples do banquinho e violão.
Após uma pausa de aproximadamente quarenta e cinco minutos o QOTSA subiu ao palco e começou a tocar sua pedradas sem nem precisar falar um boa noite para demonstrar a simpatia de todos do grupo. “You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire” foi a primeira música a ser executada.
Josh Homme, líder da banda, só foi falar com a galera presente no Espaço das Américas ao final da segunda ou terceira música.
Com uma precisão cardíaca na execução das canções, todos os instrumentistas ganham aqui uma menção honrosa já que a energia perceptiva nos discos do Queens não se perde no palco. Pelo contrário, há potência na maneira de promover as músicas e quando há tempo pequenas extensões delas acontecem ser necessariamente parecerem maçantes a quem escuta.
Alguns pontos altos da noites ficaram com a execução de músicas do disco “…Like a Clockwork” (notadamente “My God is the Sun”, “Smooth Sailing” e If I Had a Tail”) que foram cantadas por Josh em companhia dos fãs mais jovens que obviamente se identificam mais com o último trabalho dos caras.
Mas também houve espaço para as porradas dos discos anteriores. “Sick Sick Sick” foi uma desculpa perfeita para a abertura de algumas rodas de bate-cabeça que se mostraram muito empolgantes, “Feel Good Hit of the Summer” foi estendida e isso levou a plateia à loucura com um cover posterior de “Never Let Me Down Again” do Depeche Mode.
Mesmo nas músicas mais lentas como “Make It Wit Chu” a participação dos fãs foi quase que em uníssono.
Depois de algum tempo cantando, Josh parou algumas vezes para conversar bem rapidamente com o público meio que para descansar, mas era visível que a força das canções tocadas pelo grupo contagiaram demais o pessoal presente ao show e isso retornou de forma evidente na atividade dos rapazes no palco. Troy Van Leeuwen, Dean Fertita, Michael Shuman eJon Theodore souberam como deixar o líder do QOTSA à vontade para hipnotizar de vez a plateia. O Trabalho destes instrumentistas realmente é muito bem feito.
Outra jogada de mestre da banda é saber como utilizar toda sua discografia para realizar o set list de suas apresentações e ontem não foi diferente: “Mexicola”, única do primeiro disco, “No One Knows” do Songs for the Deaf e “Monstersof the Parasol” do Rated D se mostraram muito bem ao lado de músicas novas como “I Sat by the Ocean” e “I Appear Missing”.
A primeira parte do show terminou com a ótima “Go With the Flow” para que depois de um minuto os menino voltassem com a trinca “The Vampyre of Time and Memory”, “Do it Again” e “A Song for the Dead”, esta última finalizada de uma maneira tão apoteótica que levou os fãs á loucura (literalmente).
Muita gente ainda parecia dançar mesmo depois do término da música, do acendimento das luzes e do desaparecimento de Josh e companhia do palco.
Simplesmente fantástico.
Desde já, rivaliza com a apresentação fora de série do Arcade Fire no Lollapalooza Brasil deste ano.
Abaixo, veja o set list completo da apresentação de ontem e um vídeo de “Fairweather Friends” feira por uma fã. O responsável pelo blog gravou a clássica “Feel Good Hit of the Summer”, mas ficou tão péssima a qualidade do vídeo que prefere não passar vergonha:
- You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire
- No One Knows
- My God Is the Sun
- Smooth Sailing
- Monsters in the Parasol
- I’m Designer
- I Sat by the Ocean
- …Like Clockwork
- Feel Good Hit of the Summer / Never Let Me Down Again (Depeche Mode)
- The Lost Art of Keeping a Secret
- If I Had a Tail
- Little Sister
- Fairweather Friends
- Make It Wit Chu
- I Appear Missing
- Sick, Sick, Sick
- Mexicola
- Go With the Flow
- The Vampyre of Time and Memory
- Do It Again
- A Song for the Dead
Feel Good Hit of the Summer Ao Vivo