Sim, o título acima é uma provocação. Não se trata nem de uma verdade absoluta e nem de questão estática, mas ainda assim tem a ver um pouco com estatística já que trabalhamos com números.
Desde o final dos anos 70 com o advento do Punk que se fala em morte do rock. E olha que estávamos falando de uma vertente do estilo que, pelo contrário, o impulsionou.
Nos anos 90 veio a música eletrônica mais popular através do “poperou” e novamente veio gente falar sobre o passamento do velho rock. Mais além e muitas outras de que ele estava, no mínimo, sufocado.
A questão básica aqui é que já faz muito tempo que o rock respira por aparelhos no que diz respeito a um produto do meio cultural mundial relevante o suficiente para ser chamado de cena empolgante.
A própria manifestação coletiva em torno dos festivais desde os anos 90 é prova disso: pra se encher um estádio, ou um parque, ou qualquer outro lugar relativamente grande é necessário colocar no line-up dezenas e dezenas de atrações roqueiras para que centenas de milhares de pessoas se sujeitem a pagar parte de seu salário para ficar amassado por algumas horas a milhares de quilômetros do palco.
Listas como a Billboard, premiações como o Grammy e programas e canais voltados à música quase nunca se prestam ao serviço de tocar algo minimamente aceito como rock. E a tendência é piorar mais e mais a cada vez que tentarem jogar goela nossa abaixo uma porcaria como Greta van Fleet como salvação da lavoura.
Desse modo, o que temos acompanhado nos últimos anos é uma cena rock sendo considerada quase que um nicho pequeno (relevante, por causa do fandom) e sem muita perspectiva de voltar a ser o gigante que já o foi.
O exemplo do título é interessante porque um grupo musical que não tem coisa nova saindo há tanto tempo, sem praticamente qualquer propaganda muito prévia sendo feita e com carreiras tão distintas nos dias atuais como Sandy & Junior terem uma espera de quase 400 mil pessoas para poder comprar um ingresso para um show único num estádio (até o término deste texto já foram confirmados shows extras) é de fazer inveja para qualquer rocker contemporâneo.
Há quem destoe desta exceção roqueira hoje em dia? Claro que sim, mas continua sendo uma mera exceção, pois U2, Roger Waters, Rolling Stones e os outros poucos exemplos que poderia citar aqui são quase nada perto da insana procura por tudo o que se relaciona com K-Pop, por exemplo.
Sendo assim, resta dizer que isso não significa o fim do rock como música ou mesmo como estilo, e as rádios universitárias ao redor do globo provam isso, os festivais já citados acabam por dar sopro de vida a essa galera que, como eu, ainda garimpam coisa nova todo dia na internet e nos aplicativos e fóruns por aí, mas que é preciso falar a verdade para que ninguém se ache com ar superior quando tentar provar que há expressividade quantitativa no rock a um fã de funk, por exemplo.
Isso é imprescindível, sem dúvida, e um choque de realidade a quem (o rock) um dia foi rei no mundo musical.