Lorde em uníssono no Lolla Chile

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O Lollapalooza Chile 2014 terminou ontem com as apresentações de Arcade Fire e Soundgarden, um após o outro, e com pretensões distintas.

Enquanto os veteranos de Seattle se baseavam nos hits dos anos 90 para tentar levantar um público meio cansado dos medalhões, os energéticos integrantes da banda canadense levantavam a maioria que vibrou mais com sua apresentação.

A banda levou as 80 mil pessoas presentes ao delírio com suas composições dos discos anteriores, mas se inspirou bastante no conteúdo de “Reflektor”, lançado ano passado, para desfilar várias canções novas.

Apresentação do Arcade Fire
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Nesse sentido, o Lolla Chile 2014 traz uma tônica que (tomara) deve se repetir aqui também. Um contraste entre grupos consagrados que nada tem a mostrar de novo e a maior proficuidade criativa das bandas mais novas. Os casos de Vampire Weekend, Phoenix, Portugal. the Man, Jake Bugg, entre outros, são parecidos com o do Arcade Fire. Nesse sentido, não há uma atração que represente melhor isso que a menininha da Nova Zelândia.

Lorde conseguiu converter elogios da crítica em aprovação do público. A neozelandesa de 17 anos causou histeria e mostrou desenvoltura no palco. Ela abraçou a bandeira do Chile e fez suas danças sinistras em todo o show, até chegar ao estrondoso sucesso do hit “Royals”.

A imprensa chilena chegou a comparar a cantora a uma personagem de filme de Tim Burton, mas durante seu show se viu muito mais do que a sua esquisitice comportamental.

A menina se mostrou muito mais sorridente e desinibida que as letras ou a idade dela podem demonstrar. “Pedi dicas de algo para dizer para vocês no palco e alguém me falou para gritar: ‘Viva Chile, merda”, ela contou, aos risos.

Durante sua apresentação houve várias paradas para que ela conversasse com o público. Como, por exemplo, no momento em que falou a respeito da composição da “Ribs”. Ela tentou explicar que foi após uma festa organizada pela irmã na casa dos pais, escondida dos adultos.

Inúmeras foram as vezes em que o público presente ao palco alternativo cantou junto com Lorde. A concorrência no palco principal era da banda Pixies, algo que não se repetirá aqui. A simultaneidade se dará com a banda Phoenix.

A possibilidade de que tal comoção acontecerá também por aqui é grande já que a menina está vendendo bem seu “Pure Heroine” e já é um hit nas casas noturnas da capital paulista. Além dela e dos artistas já citados, são esperados com empolgação a cantora Ellie Goulding, Johnny Marr (guitarrista dos Smiths), Nine Inch Nails, Imagine Dragons, Cage the Elephant, New Order (que tocou música nova durante sua apresetnação), Savages e Muse. Dentre as atrações nacionais destacam-se Raimundos, Nação Zumbi, Vespas Mandarinas e Silva.

O Lolla Brasil 2014 acontece nos próximos dias 5 e 6 de abril no autódromo de Interlagos em São Paulo. Acesse o site do festival para ficar a par dos horários dos shows.

Lorde – Tennis Court

Algumas casas que estão salvando a noite de São Paulo

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Tenho andado por aí pela noite paulistana e a grata surpresa são as novas (ou antigas) casas de shows ou danceterias que tem salvado o circuito alternativo da cidade.

Tem de tudo neste caminho musical, desde o rock tradicional até a energia da música eletrônica, há passagens pelo indie de toda parte do mundo, as novas tendências do povo alternativo e até mesmo o samba de raiz.

A perspectiva noturna em nossa cidade nunca foi tão boa com gente do ramo trabalhando para levar ao público algo novo e de qualidade tanto nas picapes com DJs renomados quanto na escolha das boas bandas que sobem aos palcos dessas casas.

Há coisa grande, enorme, mas tem local mais casual ou intimista.

Relacionei algumas dessas alternativas para demonstrar a variedade qualitativa e quantitativa dessas casas, mas também incluo no serviço a informação sobre as atrações dos próximos dias ou (mais especificamente) de hoje:

Audio Club:

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Capacidade: 3.000
Endereço: Avenida Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca – SP
Telefone(s): (11) 3868-9600
Site: audiosp.com.br
Email: leandro@audiosp.com.br
Atração de Hoje: Jaguar Ma

Jaguar Ma – Man I Need

Cine Joia:
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Capacidade: 1200 pessoas
Endereço: Praça Carlos Gomes, 82
Site: cinejoia.tv
Atração de Hoje: 23h – Supercarioca DJs
Atração do dia 04/04: Cage The Elephant

Cage the Elephant – Come a Little Closer

Blitz Hauss:
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Endereço: Rua Augusta 657, Bela Vista – SP
Telefone: (11) 2924-5083
Site: blitzhauss.com.br
Atração de Hoje: Smashroom – Edição especial Lollapalooza

Arcade Fire (atração do Lolla 2014) – Reflektor

Beco 203:
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Rua Augusta, 609 – Consolação – SP
Telefone: 3774.0358
Site: beco203.com.br
Atração de Hoje: DJs Junior Passini e Fernando Siciliano tocando The Strokes, The Vaccines, The Black Keys, entre outros.

The Vaccines – I always Knew

Club Outs:
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Endereço: Rua Augusta, 486 – Consolação – SP
Telefone: 3237-4940
Site: clubeouts.com.br
Atração de Hoje: No Fun (DJs: Debbie Hell, João Pedro Ramos, Edu Ramos, Tati, Lu Nunes e Valentim tocando Iggy and the Stooges, Pin Ups, T.Rex, Ramones e The Clash)

Ramones – I Don’t Want To Grow Up

Inferno Club:
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Endereço: Rua Augusta, 501 – Consolação – SP
Telefone: 3120-4140
Atração de Hoje: Heartagram’s Party (tributo ao HIM) com partcipações de membros das bandas: Kiara Rocks, Irvin, Mystra, Goatlove, Inglóriuoz, Outlove, Saara Submerso e Sioux 66
Atração de Amanhã: Garotos Podres

Garotos Podres – Anarquia Oi Oi

Outras boas casas da cidade:

Fun House:
Endereço: Rua Bela Cintra, 567 – Consoloação – SP
Telefone: 3854-6522
Site: funhouse.com.br

Dj Club Bar:
Endereço: Alameda Franca, 241 – Jardim Paulista – SP
Telefone: 2592-4474
Site: djclubbar.com.br

Grazie a Dio (Samba de Raiz):
Endereço: Rua Girassol, 74 – Vila Madalena – SP
Telefone: 3031-6569
Site: grazieadio.com.br

Alley Club:
Endereço: Rua Barra Funda, 1066 – Santa Cecília – SP
Telefone: 3666-0611
Site: alleyclub.com.br

Sarajevo Club:
Endereço: Rua Augusta, 1385
Telefone: 3938-7158
Site: sarajevosp.com.br

A Origem de tudo na visão dos mitos antigos

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No início de tudo, era o nada. Como a curiosidade sempre leva à pergunta as pessoas se sentem na obrigação de responder a ela. Portanto, alguém resolveu contar a origem de tudo. E assim nasceu a tentativa do homem de explicar a origem do Universo. As civilizações mais antigas já tinham essa questão existencial. E as religiões, preocupadas em dar respostas a seus fiéis, não poderiam deixar de formular suas respostas.

“Como surgiu tudo? Como é a origem do planeta, das coisas, do homem? Essas são as primeiras perguntas que o homem faz a si mesmo. Sejam indígenas, africanas, orientais, grandes ou pequenas, novas ou antigas, todas as religiões terão respostas para isso”, diz o teólogo da PUC-SP, Rafael Rodrigues, especialista no Antigo Testamento, que cita o começo do livro Gênese para exemplificar sobre a questão.

As pessoas responsáveis pela sustentação das religiões utilizaram os mitos, a elaboração de lendas e de exemplos de vida para citar o início de tudo, mas também se estabeleceu-se daí uma doutrinação para toda a comunidade que vivia sob sua tutela.

Na falta de referências, os homens costumam usar como matéria-prima dos mitos o mundo real para responder essas perguntas transcendentais. Por isso, a cosmologia de cada grupo social é um reflexo da cultura e do momento histórico de quem a inventa. “Os mitos colocam o que é mais importante na cultura local com uma importância proporcional nos mitos de criação”, diz Rodrigues. Logo o sol e a água, essenciais para a produção agrícola e a sobrevivência, sempre ocuparam lugar de destaque na mitologia das civilizações antigas.

Muitas histórias sobre a origem do mundo começam contando como esses recursos foram criados ou controlados pelo homem.

O conhecimento sobre as civilizações antigas fez com que o homem moderno se apoderasse dessas informações e recriasse, muitos desses mitos de acordo com sua necessidade doutrinária.

Alguns exemplos da mitologia mundial nos proporciona um mergulho ao momento histórico em que aquela história foi inventada. Não há como negar que a estrutura social, o envolvimento com as guerras e a falta de visão de mundo das pessoas contribuíram para uma série de fatos narrados em cada uma das épocas em que os mitos de iniciação da humanidade foram construídos.

Segundo a mitologia iorubá, por exemplo, no início dos tempos havia dois mundos: Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que seria dos homens, feito apenas de caos e água. Por ordem de Olorum, o deus supremo, o orixá Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça com ingredientes especiais, entre eles a terra escura que jogaria sobre o oceano para garantir morada e sustento aos homens. Para a tradição religiosa chinesa, o caos inicial era como um ovo no qual entraram em equilíbrio os princípios opostos, yin e yang. Desse equilíbrio nasceu Pangu, gigante de cujo corpo se formou a água, a terra e o Sol.

Representação de Oxalá
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Veja que os elementos da natureza são usados de maneira a dar uma visualização fantástica, mistica. Porém, além dessa necessidade de explicar a criação das coisas, dos animais, das plantas, do céu e da terra, e do homem, há outros interesses nesses contos sobre a origem de tudo.

Às vezes, os mitos de criação são verdadeiros tratados políticos de sua época. “Só compreendemos o 1º capítulo do Gênese se entendemos a catástrofe dos povos que o escreveram”, diz Rodrigues. A cosmologia judaico-cristã foi escrita por povos dos antigos territórios de Israel e Judá, levados à força para a Babilônia, onde pagavam tributos. “Quando dizem que ‘antes a terra estava vazia e sem forma’, eles não se referem ao planeta, mas ao território deles, que ficou devastado e abandonado após a invasão dos povos assírios.” A ordem de criação das coisas no mito é uma provocação ao poder local. A primeira frase dop Gênese diz que Deus fez a luz. Só no 4º dia Ele criaria o Sol, contrariando a cosmologia dos opressores babilônios, para quem Marduk, o Sol, era o deus supremo e criador de todas as coisas, inclusive da luz.

Dessa forma, estamos tratando de um atrito político, no qual a maior detenção do conhecimento garante o poder sobre as massas.

Ainda contando a tragédia dos povos de Israel e Judá, os capítulos 2 e 3 do Gênese mostram o que acontece quando um camponês perde aquilo que é mais primordial para sua sobrevivência: a horta. “O sentido da palavra que traduzimos para jardim, em hebraico, é horta”, diz Rodrigues. Ao ser expulso do Éden e perdê-la, Adão comerá “o pão com o suor do rosto” e Eva sentirá aumentar “as dores do parto” porquê, em vez de ter filhos de 7 em 7 anos, como era o hábito, terá de engravidar mais vezes para o casal ter mais filhos e mão-de-obra. Trabalhando para os babilônios, eles precisavam produzir mais para pagar impostos.

A explicação de um mito que seria apenas sobre a criação e seus desdobramentos, acaba por se transformar em explicação para que as pessoas tenham de pagar impostos. É tudo culpa de Adão e Eva.

Representação de Adão e Eva
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Os mitos do Gênese, por exemplo, foram escritos entre os séculos 8 e 5 a.C., mas a organização deles numa Torá (livro sagrado judaico) só começaria no século 2 a.C. Nessa época, é provável que o texto tenha sofrido mudanças e adaptações, segundo os ideais do judaísmo nascente. A própria escolha dos textos também obedece os critérios da religião que o organiza, como aconteceria com o Novo Testamento, no início do cristianismo.

Pergaminho da Torá (Livro Sagrado Judaico)
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Mesmo fora dos livros sagrados, as tradições e interpretações dos mitos de criação fundamentam valores, regras morais e de comportamento para seus seguidores. “Há textos rabínicos que interpretam cada linha do Gênese para mostrar que a mulher não pode dar testemunho em público. Porque, quando ela tomou alguma decisão, levou o homem ao erro e ao pecado. A partir daí aparece toda a questão da sujeição da mulher”, diz Rodrigues. É tudo culpa de Eva.

Mas não é só na cultura hebraica que há essa manipulação acerca da história da criação. Qualquer sociedade antiga tinha como meta doutrinar seu povo para explicar o que aconteceu desde o início.

A cosmologia do hinduísmo também explica, além da origem do mundo, sua organização social. Segundo os Vedas, 3 divindades são responsáveis pelos ciclos de criação e destruição do Universo: Brahma cria, Vishnu preserva e Shiva o destrói para que o ciclo recomece. Para criar o mundo e os humanos, Brahma fez dois deuses de si: Gayatri e Purusha, o homem cósmico de onde foram feitas todas as coisas. Mas, enquanto alguns homens nasceram da boca de Purusha, e se tornaram sacerdotes, outros nasceram dos pés, e se tornaram os escravos da sociedade indiana.

Representação Hindu
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O exemplo da sociedade hindu é apenas mais um exemplo de como os mitos sobre a criação do Universo fazem bem mais que resolver questões existenciais ao estabelecer relações de poder e detalhar códigos de conduta. O que faz deles ferramentas importantes para a coesão social, como parte indispensável da cultura e da identidade de um povo.

Boa parte do texto acima foi originalmente publicado pela Revista Superinteressante com a inclusão de algumas explicações realizadas pelo Blog.

Também podemos verificar alguns outros mitos desenvolvidos por outras sociedades antigas acerca do início da vida e do universo.

Mitologia Grega:

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“Antes de serem criados o mar, a terra e o céu, todas as coisas apresentavam um aspecto que se dava o nome de Caos – uma informa e confusa massa, na qual estavam latentes as sementes de todas as coisas. A terra, o mar e o ar estavam todos misturados, sem suas características de solido, liquido ou transparente. Deus e a Natureza interferiram nessa discórdia, colocando ordem nas coisas.

A terra e o mar se separaram e ambos foram separados do céu. A parte ígnea, que era a mais leve, foi colocada no firmamento, o ar ficou em seguida, em relação ao peso e lugar. A terra, sendo mais pesada, ficou mais abaixo e a água ocupou o ponto mais inferior, fazendo a terra flutuar.

Nesse momento, um deus não identificado, colocou as coisas Mem ordem na terra, determinando aos rios e lagos os lugares que ocupariam, levantou montanhas, cavou vales, espalhou bosques, fontes campos férteis e planícies árida. Ordenou aos peixes que tomassem posse do mar, às aves , do ar e aos quadrúpedes, que dominassem a terra.

Após essa ordenação, tornou-se necessário a criação de um ser superior aos demais, e assim foi criado o homem. Não foi dito se o criador do homem utilizou materiais divinos, ou se na terra, recentemente separada dos demais elementos havia sementes celestiais ocultas.

Prometeu, que era Titã, uma raça que habitou a terra antes do homem, foi indicado para essa criação e, tomando um pouco de terra e misturando com água, criou o homem á semelhança dos deuses, dando-lhe uma postura ereta, de modo que enquanto os outros animais têm o rosto voltado para a terra, o homem levanta a cabeça para o céu e olha as estrelas.

Prometeu e seu irmão Epimeteu ficaram encarregados da criação do homem e dos demais animais e garantir-lhes as condições necessárias à sua sobrevivência. Dessa forma, Epimeteu deu a uns asas, a outros velocidade e a outros couraças de proteção, porém, quando chegou a vez do homem, os recursos tinham sido usados nos demais seres.

Epimeteu com a ajuda de seu irmão Prometeu, pediu à Minerva (deusa da sabedoria) que os auxiliasse a concluir a criação do homem e Minerva concedeu-lhes o domínio sobre o fogo e este foi dado ao homem, o que fez com que este tivesse superioridade sobre as demais criaturas.”

Fonte:

Bulfinch, Thomas, O livro de ouro da mitologia: (a idade da fábula): histórias de deuses e heróis – 9ª edição – Rio de Janeiro – Ediouro – 2000.

Mitologia Nórdica:

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No início dos tempos, não existia nada além do Ginnungagap. Nem areia, mar, céu ou terra, haviam sido criados. Depois de muito tempo, um novo reino ao sul emanou, um reino chamado Muspellheimr, feito de fogo, brasas ardentes e calor abrasador. No norte uma segunda região, chamada Niflheimr, surgiu, e que consistia de ventos amargos, gelo e neve.

Ginnungagap ficava entre estes dois reinos, e as águas dos onze rios da fonte Hvergelmir ali fluíam. No meio do vácuo tudo era moderado, até um dia em que os elementos de fogo e gelo colidiram, ao norte a brisa fria de Niflheimr começou a congelar o vácuo, enquanto a parte meridional foi degelada pelo calor que emanava de Muspellheimr.

Tudo era desordem. Mas das gotas deste grande caos, a vida emergiu, na forma de um gigante de gelo. Seu nome era Ymir e os gigantes de gelo são seus descendentes. Certa vez, enquanto Ymir estava adormecido, o primeiro homem e mulher nasceram do suor da sua axila esquerda, e suas pernas deram à luz a um filho. Enquanto isso, o gelo em Ginnungagap continuava derretendo, até que a vaca Auðumla (Audumla) emergiu. Esta alimentou o gigante Ymir com suas quatro tetas e se sustentou lambendo seu gelo.

Quando Auðumla passou três noites sucessivas lambendo os blocos de gelo salgado, outro ser apareceu, seu nome era Buri, e seu filho Bor casou com Bestla, e desta união surgiram Vé, Vili e Óðinn (Odin), os primeiros deuses (os dois primeiros são provavelmente correspondentes a Hænir e Loki, respectivamente).

Os filhos de Bor sentiam um ódio tremendo pelo gigante Ymir, e então engendraram sua morte. Os três irmãos tomaram o cadáver de Ymir e o levaram ao centro de Ginnungagap e o cortaram em vários pedaços. Com o descomunal corpo do gigante, Vé, Vili e Óðinn criaram o mundo, de sua carne fizeram a terra, e dos ossos as montanhas.

Das partes esqueléticas quebradas de Ymir, dentes, e dedões dos pés criaram rochas, pedregulhos e pedras. O sangue que fluía de Ymir deu lugar aos rios, lagos, e mar. Larvas cresceram da carcaça de Ymir, e estas foram amoldadas em anões. Vé, Vili e Óðinn ergueram o crânio de Ymir tão alto que este alcançou o fim dos limites da terra, isto eles chamaram de céu, e para sustentá-lo sobre a terra, os filhos de Bor colocaram quatro anões, Norðri (Nordri), Suðri (Sudri), Austri, e Vestri , um em cada um dos quatro quadrantes, ou seja, correspondem respectivamente aos quatro pontos cardeais, Norte, Sul, Oeste e Leste.

Os três irmãos arrebataram brasas ardentes do reino de Muspellheimr e formaram o sol, a lua, e as estrelas. Estes globos foram colocados sobre o mundo para iluminar a terra e para algumas estrelas foram determinados pontos fixos no céu, enquanto para outras foi dada permissão para dançarem livremente. Vé, Vili e Óðinn criaram o mundo em forma esférica, e um corpo de água cercou a terra. Eles designaram a parte do mundo, chamada Jötunheimr, para a raça conhecida como os gigantes de gelo e pedra. Devido à maldade dos gigantes sobre os humanos, os irmãos levaram as sobrancelhas de Ymir para formar um muro protetor ao redor do centro da terra. Isto abrigou a área que foi chamada Miðgarðr (Midgard), e que abrigaria os humanos.

O cérebro de Ymir foi arremessado aos céus, pelos três deuses e com eles formaram as nuvens. Um dia, enquanto os filhos de Bor caminhavam por Miðgarðr, apreciando sua criação, perceberam que algo faltava, ao encontrarem dois troncos de árvore caídos, um de Freixo e o outro de Olmo, Óðinn criou o primeiro homem e mulher e lhes deu a essência da vida, Vili lhes deu raciocínio e sentimentos, enquanto Vé lhes deu a habilidade para ouvir, falar e ver. Seus nomes eram Askr e Embla. Vé, Vili e Óðinn ainda criaram os meios para medir e gravar o tempo, as fases claras e escuras da terra que eram governadas pela deusa Nott (“noite”) e por seu amante Dag (“dia”).

Óðinn fixou-os nos céus em carruagens que circulam o mundo todo a cada dois meio dias. A carruagem de Nott é puxada por um cavalo de nome Hrimfaxi e a carruagem de Dag por uma égua de nome Skinfaxi. Um homem teve um filho ao qual deu o nome de Máni e uma filha à qual deu o nome de Roðull (Rodull). Dizia-se que os dois irmãos possuíam uma beleza radiante. Óðinn então arrebatou Máni e Roðull, e colocou-os nos céus para guiar o primeiro a lua e a segunda o sol, pois são os significados de seus nomes. Eles dirigiam carruagens, e seus cavalos eram chamados Arvak (“crina radiante”) e Alsvid (“o poderoso e jovem marchador”).

Máni segue a lua ao redor e decide suas fases. Roðull é perseguida por um lobo de nome Skoll, enquanto um lobo de nome Hati Hrodnitnisson corre à frente dela tentando pegar Máni. Máni e Roðull serão devorados pelos lobos, momentos antes do Ragnarök. ”

Mito retirado das Eddas, poemas escandinavos antigos que relatam a criação do universo e a aventura dos deuses nórdicos.

O que o Criolo tem para nos mostrar de novo

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O rapper Criolo lançou na semana passada, dia 18, através de seu canal no YouTube, um curta-metragem que inclui as músicas “Duas de cinco” e “Cóccix-ência”.

Até aí não se verifica nenhuma novidade.

O que chama a atenção, além da história contada (três jovens que matam aula para cometer crimes) é que se trata de um vídeo muito bem produzido e dirigido.

A direção ficou a cargo de Denis Kamioka (também conhecido por Cisma), detentor de uma carreira e premiação internacionais, o que caracteriza qualidade e prestígio à produção.

O que vemos durante os dez minutos de gravação é uma atividade toda filmada no Grajaú, bairro de São Paulo, que faz do espaço paulistano uma viagem ao ano de 2044, em que tecnologias como drones, impressão 3D de armas, hologramas e reconhecimento facial já são parte da rotina dos moradores da comunidade futurista.

O elenco é formado por amigos do Criolo e moradores da localidade, e tem influência nítida no filme “Distrito 9”, de Neil Blomkamp.

O diretor do curta afirmou em comunicado à imprensa: “Conseguimos imprimir elementos futuristas e, ao mesmo tempo, mostrar que se o ciclo em que vivemos não for interrompido, o futuro, que já está se mostrando, não será a maravilha que todos imaginam”.

Portanto, estamos falando de um universo futurista em que a segregação racial, além da separação cada vez maior entre as classe, se torna não somente uma situação visível, mas também um procedimento governamental. E o tráfico de drogas é uma nova instituição da sociedade, quase uma corporação.

Na favela futurista, os jovens são seduzidos a deixar os estudos para seguirem o caminho mais curto da violência e do tráfico de drogas (alguma relação com o presente?).

A coisa vai mais fundo quando ouvimos as duas canções de Criolo: “Um governo que quer acabar com o crack/ Mas não tem moral pra vetar comercial de cerveja” (Duas de Cinco) e “O que não é seriado da Fox/ é playboy se acabando no oxi” (Cóccix-ência).

O próprio Criolo cita as ações da polícia e dos governos como procedimentos desastrosos no que dizem respeito ao combate ao tráfico: “A desgraça consegue ser mais rápida que a tecnologia. Agora cada bairro tem a própria Cracolândia em sua porta. Pensamos em 2044, mas isso chegou em três meses”, imagina o cantor.

Dessa forma, é importante frisar que o artista não acabou de achar a roda, mas o fato de ter voz no cenário musical brasileiro faz dele um importante porta-voz no combate a um problema que, parece, não empolga as autoridades a investir contra. A falácia dos governantes se torna mais necessária do que os atos em si.

Enquanto isso, na periferia o problema só cresce.

Veja abaixo o vídeo completo:

Lolla Chicago tem elenco diferente daquele que acontece aqui (mas não deixar de ser bom)

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A produção do Festival itinerante Lollapalooza anunciou nesta quarta (26) o line up completo de bandas que tocará na edição realizada em Chicago no mês de agosto.

Dentre as atrações destacam-se alguns nomes de peso como Eminem, Outkast, Arctic Monkeys e Kings of Leon. Há mais outras 130 atrações, aproximadamente.

A organização também confirmou gente Chance the Rapper, Nas, Kings of Leon e Arctic Monkeys, mas um povo mais alternativo aparecerá por lá. Calvin Harris, Skrillex e Foster the People figuram ao lado de Lorde e Cage the Elephant, que também participam da edição paulistana do evento na semana que vem.

Por fim, fica a boa surpresa de terem sido incluídos o Parquet Courts e o Warpaint, que fizeram ótimas carreiras pelos palcos no ano passado.

O Festival, que já figura nos EUA fixo em Chicago desde 2005, acontecerá entre os dias 1 e 3 de agosto próximos.

Veja a lista completa das atrações do festival americano:

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As meninas do Savages prometem empolgar o Lolla Brasil 2014 com sua reinvenção do pós-punk

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A banda tem uma formação baseada em Londres, mas tem como vocalista a francesa Jehnny Beth. Complementam o grupo de pós-punk inglês a guitarrista Gemma Thompson, a baixista Ayse Hassan e a baterista Fay Milton.

O Savages iniciou os trabalhos em 2011, mas foi no ano passado que obteve os holofotes mais para si. Teve o lançamento de “Silence Yourself”, seu primeiro álbum, entre as grandes boas surpresas do ano, cheio de manifestos e ideias empolgantes em suas letras, além de algumas elogiadas apresentações no Coachella dos EUA e no Primavera Sound de Barcelona.

A estrutura musical das meninas é simples: uma mistura química que entra em ebulição durante seus shows. Aliás, estamos falando de um som que lembra bem figuras quentes da cena underground britânica dos anos 80, como o Public Image Ltd, o Magazine, a melodia soturna de Siouxsie and the Banshees e do Joy Division, mas que ainda se enriquece de pitadas mais distorcidas da musicalidade da musa P.J. Harvey.

Essa mulherada foi bem conceituada por gente gabaritada do mundo indie, mas também apareceu nas páginas de coisa grande, como é o caso Observer (períodico inglês).

Essa grita em torno da banda fez o famoso jornalista Sasha Frere-Jones, colunista do The New Yorker na parte de cultura pop, afirmar que o Savages “é realmente quase tão grande quanto o que querem que ele seja”.

Daí, que a convocação das meninas para tocarem no Lolla Brasil 2014 no mesmo dia de New Order e Arcade Fire tem um significado grande para elas, mas também surge como perfeita oportunidade àqueles que pretendem sair da obviedade musical de outras atrações do festival.

Elas chegaram para ficar e o seu som baseado entre o soturno e a energia rítmica dos anos 80 num limbo transferido para esse maluco ano de 2014 pode proporcionar um dos grandes momentos dos dois dias no Autódromo de Interlagos.

O Savages toca no dia 06 de abril, às 16h, no palco Interlagos antes de AFI (no mesmo palco) e Pixies (no palco Skol) e quase ao mesmo tempo que o Vampire Weekend (que toca no palco Onix).

Se eu fosse você não perderia.

Savages – “She Will” – Pitchfork Music Festival 2013

Savages – “Husbands” live on Later with Jools Holland

Savages – Shut Up (Live on KEXP)

Píramo e Tisbe: O Romeu e Julieta bem antes de Romeu e Julieta

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William Shakespeare é reconhecidamente um autor genial. Suas obras possuem estilo e forma determinantes para uma guinada única na história da literatura mundial.

As características do drama e da comédia tomam nova moldura a partir dos escritos do famoso bardo. Há desenvolvimento histórico, poesia e lirismo no tom certo em cada uma das obras do inglês, mas não se pode promover a literatura de Shakespeare como algo apenas autoral, pois ele se baseia muito na literatura antiga, notadamente a grega.

É possível visualizar em “Sonho de uma Noite de Verão” muito da mitologia grega, alguns dos elementos trágicos de “Machbeth”, “Hamlet”, “O Mercador de Veneza” e “Ricardo III” vêm da tragédia grega, mas não há nenhuma obra de William Shakespeare com influência tão próxima de outra quanto “Romeu e Julieta”.

O drama entre os filhos das famílias Capuletto e Montecchio que se apaixonam e são proibidos de manter o relacionamento foi escrito entre os anos de 1591 e 1595, mas sua história já se fazia presente muito tempo atrás.

O escritor famoso da Inglaterra se inspirou no mito de Píramo e Tisbe que, apesar de ter o fator doutrinário, característico de qualquer mitologia e de realizar uma explicação para um fenômeno natural promove ações em torno de um casal com igual dificuldade em ter seu amor consumado por conta da proibição de suas famílias.

O mito nos remete aos desencontros do amor e o desenrolar que isso proporciona.

Mesmo parecendo óbvio que um casal que se aproxima pelo coração deve ser respeitado por qualquer outra pessoa, na prática isso não acontece. Todo relacionamento humano só terá sentido se implicar no crescimento de ambos. A arrogância e a prepotência de outrem atravancam o caminho dessa relação e acontece a chantagem emocional. Mas fica sempre a dúvida se aquela ação final da morte para se livrar dos problemas terrenos seria a solução correta.

Ao final ainda há a interferência dos deuses ao homenagear os amantes com a cor de seu sangue e de seu amor sendo dada ao fruto da árvore na qual foram enterrados embaixo.

Abaixo o mito completo, de acordo com a tradução realizada por Thomas Bulfinch:

Píramo era o mais belo rapaz, e Tisbe a mais bela donzela em toda a Babilónia, ondereinava Semíramis. Os seus pais ocupavam casas adjacentes e a proximidade juntara os jovens até que a relação amadureceu em amor. De boa vontade teriam casado se os pais não o tivessem proibido.

Uma coisa, porém, não podiam proibir – que o amor brilhasse com igual ardor no peito de ambos. Conversavam por sinais e olhares, e o fogo coberto ardia mais intensamente.

Na parede que dividia as duas casas havia uma fenda causada por alguma falha na estrutura. Ninguém tinha reparado nela antes, mas os amantes descobriram-na. O que não descobrirá o amor! Permitia uma passagem para a voz, e ternas mensagens começaram a passar de um lado para o outro através da abertura.

Com Píramo de um lado da parede, Tisbe do outro, as respirações dos dois amantes misturavam-se.

“Parede cruel”, diziam, “porque manténs dois amantes separados? Mas não seremos ingratos. Devemos-te, confessamos, o privilégio de transmitir palavras de amor a ouvidos desejosos de as escutar”.

Tais palavras eram proferidas de cada lado do muro e, quando chegava a noite e se tinham de despedir, era com beijos sobre a parede que o faziam, cada um de seu lado, não se podendo aproximar mais.

Uma manhã, quando a Aurora tinha apagado as estrelas e o sol derretido a geada da erva, encontravam-se no lugar costumado, concordaram em que, na noite seguinte, quando tudo estivesse quieto, abandonariam as suas moradas para, escapando aos olhares vigilantes, passear nos campos.

De modo a garantir um encontro digir-se-iam a um edifício bem conhecido, situado fora dos limites da cidade, chamado o túmulo de Ninus, devendo o primeiro a chegar esperar o outro aos pés de uma certa árvore. Era uma amoreira branca que crescera junto a uma nascente de água fresca. Tudo estava combinado e esperavam impacientemente que o sol se escondesse debaixo das águas e que a noite delas se levantasse.

Cautelosamente, Tisbe saiu pé ante pé sem que a família se apercebesse e, com a cabeça coberta por um véu, dirigiu-se até ao monumento e sentou-se debaixo da árvore. Sentada sozinha, na luz ténue da noite, apercebeu-se de uma leoa que, com as mandíbulas ainda fumegantes de uma matança recente, se aproximava da fonte para saciar a sua sede. Tisbe fugiu ao vê-la e procurou refúgio no buraco de uma rocha. Ao fugir deixou cair o véu que a leoa, depois de beber da fonte e quando regressava a abrigar-se nos bosques, vendo no chão arremessou e rasgou com a boca ensanguentada.

Píramo, tendo-se atrasado, aproximava-se agora do local de encontro. Ao ver as pegadas do leão na areia a cor fugiu-lhe do rosto. Pouco depois encontrou o véu todo rasgado e manchado de sangue.

“Oh, rapariga infeliz”, disse, “fui a causa da tua morte! Tu, mais digna de viver do que eu, tombaste como primeira vítima. Seguir-te-ei. Eu sou o culpado causador ao te tentar a um lugar de tal perigo sem que aqui estivesse para te guardar. Vinde vós leões, vinde das rochas e rompei este corpo culpado com os vossos dentes.”

MUERTE~1

Pegando no véu, levou-o até à árvore combinada e aí o cobriu de beijos e de lágrimas.

“O meu sangue também manchará a tua textura”, disse desembainhando a espada e enterrando-a no coração. O sangue jorrou da ferida, tingiu as amoras brancas todas de vermelho e, ensopando a terra, atingiu as raízes, de tal modo que a cor vermelha subiu através do tronco até aos frutos.

Por esta altura, Tisbe, ainda tremendo de medo mas não desejando desapontar o seu amado, saiu com cautela, procurando ansiosamente o jovem e desejosa de lhe contar o perigo a que tinha escapado. Ao chegar ao local, vendo a cor mudada das amoras, duvidou se estaria no mesmo lugar.

Enquanto hesitava reparou na forma de alguém lutanto nas agonias da morte. Recuou, e um tremor percorreu o seu corpo como uma ondulação na superfície de uma água parada quando subitamente é varrida pelo vento. Mas assim que reconheceu o amado gritou e bateu no peito, abraçando o corpo sem vida, derramando lágrimas nas feridas e premendo beijos sobre os lábios.

“Oh, Píramo”, gritou, “o que fez isto? Responde-me Píramo. É a tua Tisbe que fala. Ouve-me querido e levanta essa cabeça caída!”

Ao nome de Tisbe, Píramo abriu os olhos para os fechar a seguir. Ela viu o véu manchado de sangue e a bainha vazia da sua espada.

“A tua própria mão te matou e por minha causa. Também eu posso ser corajosa por uma vez e o meu amor é tão forte como o teu. Seguir-te-ei na morte pois eu fui a causa; e a morte, a única coisa que nos pôde separar, não me impedirá de juntar a ti. E vós, pais infelizes de nós os dois, não nos negueis o nosso pedido unido. Assim como o amor e a morte nos uniram, que um só túmulo nos contenha. Quanto ati, árvore, mantém as marcas do massacre. Que as tuas bagas sirvam de memorial ao nosso sangue.”

Assim dizendo, enterrou a espada no peito.

Os pais ratificaram o desejo e os deuses também. Os dois corpos foram depositados num sepulcro e a árvore desde então produz bagas púrpuras até ao dia de hoje.

Passeio ao MIS: As fotos da galera do Riva

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A excursão realizada no último dia 14/03 pela Sala de Leitura Cora Coralina da EMEF Professor Rivadávia Marques Junior foi um sucesso.

A ideia era finalizar o projeto sobre Cultura Pop que fora feito pela Sala de Leitura com uma atividade de pesquisa acerca do cantor e compositor David Bowie.

O fato de se tratar de um front-man único na história do Rock, de verificarmos que ele saber fazer da vestimenta uma peça importante na sua arte e de compor músicas icônicas como “Heroes”, “Starman”, “Five Years”, “Space Oddity” e Ziggy Stardust” é um indício de que o artista britânico deveria ser mesmo o fruto da pesquisa, mas sua trajetória é bem mais do que isso.

Bowie faz parte de um seleto grupo de cantores que transcendeu a música. Participou de filmes como ator, é formado em publicidade e participou da cena Pop Art mundial ao lado de artistas plásticos importantes como Basquiat e Andy Warhol.

Contudo, a pesquisa foi também realizada pelos alunos participantes do projeto que merecia uma premiação em seu ato final.

A exposição oriunda do V & A Museum veio bem a calhar e o passeio era aguardado ansiosamente pelos meninos e meninas participantes da pesquisa.

Vale ressaltar que ao término da visita, houve até elogios por parte da equipe do setor Educativo do MIS, pois segundo eles os jovens estavam bem por dentro da carreira e da vida de David Bowie, já que em todos os momentos que houve intervenção do educador sempre havia alguém com a resposta na ponta da língua.

Isso prova que ao se fazer um trabalho como este (em que há uma visita a uma exposição) é necessário preparar os alunos para que não cheguem a uma atividade assim sem ter contato com o objeto de estudo.

Agradecimentos também a todos os alunos e à professora Mariangela Jacob que acompanhou e auxiliou aos alunos desde a saída até o retorno à escola.

Eis, portanto, algumas fotos do passeio (não há fotos dentro da exposição, pois é proibido pela organização):

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O Mundo Psicodélico e Experimental do Primeiro Disco dos Mutantes

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A banda é considerada um dos principais ícones do rock brasileiro em todos os tempos. Tiveram como influência, obviamente, The Beatles, adotando inúmeros elementos musicais e instrumentais da banda britânica, mas a categoria deste grupo não fica apenas na reverência ao que vinha de fora.

Eles tinham a ideia de favorecer a harmonia da música brasileira e muitas das melodias de seus discos têm a ver com a cultura local.

É claro que a criatividade exercida, principalmente pela formação clássica dos Mutantes, com Sérgio Dias (guitarra, baixo e vocais), Arnaldo Baptista (baixo, teclado e vocais) e Rita Lee (vocais) foi decisivo para a criação de um dos maiores espólios da música pop nacional. A utilização de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos, acabam por nos remeter a outra banda icônica daqueles tempos, os Beach Boys, mas sempre iremos mencionar a carreira dos Mutantes como um grupo experimental único em nosso país.

Dessa forma, quando apareceram pela primeira vez em cadeia nacional, em 1966, no programa de Ronnie Von logo foram alçados a voos maiores. O nome da banda veio de um livro que, tanto os integrantes do conjunto, quanto Ronnie Von tinham lido. Chamava-se “O Império dos Mutantes”, de Stefan Wul, e como o apresentador do show exibido pela Record não gostava do nome anterior , Os Bruxos” sugeriu a nova nomenclatura.

Mas daí até a produção do primeiro disco foram dois anos.

Estamos em 1968 e o grupo começa a trabalhar no álbum autointitulado “Os Mutantes. É um período atribulado para a banda, já que eles já tinham realizado duas canções junto com Gilberto Gil, “Bom Dia” e “Domingo no Parque”, está última participante da estréia tropicalista no “III Festival de Música Popular Brasileira”, ficando com o segundo lugar. O envolvimento com os tropicalistas ficava mais sério, com a participação de momentos memoráveis com a apresentação sob vaias de “É Proibido Proibir” no mesmo festival e também no programa “Divino, Maravilhoso”, última grande manifestação tropicalista naquele período. A banda também participara do disco coletivo “Tropicália ou Panis et Circenses”, junto com Caetano Veloso, o próprio Gilberto Gil e outros músicos imbuídos do mesmo manifesto cultural.

Desse modo, parecia que seria um projeto muito corrido o disco de estreia deles. Mas o que se verifica nessa primeira incursão de estúdio num álbum próprio é uma simbiose perfeito entre os músicos, as composições e as experimentações realizadas nos pouco mais de 39 minutos de canções de “Os Mutantes”.

Formação original dos Mutantes:
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A questão aqui é prática: fala-se de um dos mais completos, engenhosos e talentosos discos da música brasileira em todos os tempos.

O álbum foi gravado com a produção de Manoel Barenbein e arranjos de Rogério Duprat e saiu pela Polydor. Também é marcado pela utilização de instrumentos e técnicas não usuais até então na música nacional e a utilização de várias pirotecnias de estúdio, como mudanças de ritmo, guitarras distorcidas, uso de ruídos, sonoplastia, e de objetos não convencionais para simular o som dos instrumentos, como uma bomba de inseticida em “Le Premier Bonheur do Jour”.

A presença de elementos melodiosos e de harmonia que remetem ao rock psicodélico, também se faz notar em todas as composições, mas a mistura de gêneros musicais extremamente brasileiros com o samba em “A Minha Menina”, o candomblé em “Bat Macumba” e o baião em “Adeus Maria Fulô”, figuram como marcas da estreia da banda.

Nesse sentido, os Mutantes foram pioneiros na mescla do rock com elementos musicais e temas especificamente nacionais.

O fato de ter sempre um toque de humor nas letras virou outra característica do grupo e essa irreverência continuou acompanhando Rita Lee, por exemplo, em sua carreira pós-Mutantes.

Algumas das críticas vorazes das pessoas mais tradicionais ligadas à produção musical do país tinham como alvo essa mistura com música estrangeira, mas foi exatamente isso que fixou, tal qual tatuagem durante toda a carreira do conjunto, dentro e fora do país. Os Mutantes são um grupo que possui até hoje fãs internacionais de gabarito. Kurt Cobain, por exemplo, sempre citava a banda e os primeiros discos deles (notadamente, o de estreia) como influência para ele e sua banda, o Nirvana; Beck faz experimentalismos calcados muito na escuta que fez, quando jovem, de “Os Mutantes” e gente bacana tanto do mainstream quanto da música independente já falou sobre o disco e a banda de mesmo nomes. Black Francis, é outro fã da banda de Rita, Sérgio e Arnaldo.

De qualquer forma, essa mistura do rock psicodélico, com pitadas de samba, novas ideias distorcidas, com doses de experimentalismo, num hibridismo musical que seria característica presente na música dos anos 70 do mundo todo fizeram com que o álbum “Os Mutantes” entrasse numa série de listas de revistas de música renomadas.

Esse disco foi eleito um dos 50 discos mais experimentais da história, segundo a revista MOJO. Ficou na frente de nomes como The Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa, além de ter sido colocado na lista “Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative – Rock Iberoamericano” (Os 250 álbuns essenciais de todos os tempos de Rock Latino) da revista Al Borde, na 21ª Posição, álbum brasileiro melhor colocado. Fora o fato de ser classificado em 9° lugar na lista da revista Rolling Stone dos 100 maiores discos da música brasileira.

Esse prestígio todo vem do fato de ter músicas como “Panis et Circenses” (Gilberto Gil e Caetano Veloso) como não só um manifesto tropicalista, mas também de uma canção cheia de críticas à ditadura do país, “A Minha Menina”, composição do brother da banda, Jorge Ben Jor, com um balanço entre o samba rock e o soul americano, “O Relógio” de Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias, além de “Once Was a Time I Thought” de John Philips que virou “Tempo no Tempo na versão de Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias e a canção final do álbum, “Ave Gengis Khan” também do trio.

Complementam o disco, “Baby” de Caetano, “Trem Fantasma” parceria da banda com o músico baiano e “Senhor F”.

Um álbum clássico para a música feita no Brasil, mas também um manifestação de experimentalismo para a música mundial.

A lista completa do álbum “Os Mutantes”:

1 – “Panis et Circenses”
2 – “A Minha Menina”
3 – “O Relógio”
4 – “Adeus Maria Fulô”
5 – “Baby”
6 – “Senhor F”
7 – “Bat Macumba”
8 – “Le Premier Bonheur du Jour”
9 – “Trem Fantasma”
10 – “Tempo no Tempo (Once Was a Time I Thought)”
11 – “Ave Gengis Khan”

Panis et Circenses

A Minha Menina

Ave Gengis Khan

Uma overdose de Saramago para enxergar melhor o mundo

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“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

É com essa frase que se inicia uma das obras mais impactantes de José Saramago. Lembrei dela quando estava pensando no post de hoje. Daí, foi inevitável que escolhesse o autor para ser o tema do texto dessa sexta-feira.

O escritor português é um dos mais importantes dos últimos dois séculos não apenas pelo estilo de contar histórias (a elipse das interrogações, as frases despontuadas ou a narração que se confunde com a fala dos personagens), mas também pelos temas que abordou.

Sua escrita funcionou bem ao contar fatos muito bem inventados dentro de romances históricos. São os casos, por exemplo, de “Levantado do Chão” (1982), “História do Cerco a Lisboa” e “Memorial do Convento” (1984), livros que misturam fatos reais com personagens inventados. Em “Memorial”, por exemplo, ele envolve situações em que o rei D. João V e Bartolomeu de Gusmão se encaixam com o caminho da misteriosa Blimunda e o operário Baltazar.

Memorial do Convento
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Também é possível citar a pesquisa minuciosa que ele fez em “O ano da morte de Ricardo Reis” sobre o salazarismo e a viagem existencial provocada na Península Ibérica daquela época através da visão do heterônimo de Fernando Pessoa, além de ver as transformações disso tudo em outra obra brilhante, “A Jangada de Pedra”, na qual busca uma explicação para a identidade do povo europeu.

Saramago provocou, arriscou, mas seduziu com seus livros de poemas: Podemos citar o primeiro nessa linhagem, “Os poemas Possíveis”, o não tão bem conceituado “O Ano de 1993” e o ótimo “Provavelmente Alegria”.

Mas há algumas pérolas dos contos, das crônicas, das divagações e das histórias mais complexas que foram escritas pelo português, nascido em Azinhaga, em 1922, que ficarão para sempre na memória literária mundial.

A lista é grande, mas a sua série de ensaios e diários como “Ensaio sobre a Cegueira”, “Ensaio sobre a Lucidez” e “Cadernos de Lanzarote” não podem passar incólumes pela vida de qualquer viciado em literatura, assim como a discussão filosófica e teológica de outros livros como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, “As Intermitências da Morte” e “Caim” não deve faltar na prateleira de qualquer ser desconfiado com a religião.

“O Evangelho Segundo Jesus Cristo”
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Há inúmeros outros escritos de Saramago dignos de promover variados sentimentos no leitor, tais como: “O Conto da Ilha Desconhecida” em que debate a imaginação e a burocracia; “O Homem Duplicado” com a maluca história do diretor que descobre um sósia seu atuando no próprio filme dirigido por ele; “A Caverna”, um encontro entre “Admirável Mundo Novo” Aldoux Huxley e a parábola de Platão; além de “In Nomini Dei”, A Segunda Vida Francisco de Assis” e “Poética dos Cinco Sentidos”, todos com algum tipo de questionamento filosófico ou alguma discussão transcendental que vão lhe fazer pensar durante dias sobre as respostas (que nunca são dadas pelo escritor).

A Caverna
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José Saramago é um daqueles escritores que teve poucos momentos de falta de inspiração em sua carreira e mesmo quando colhemos informações sobre livros que parecem não estar à altura de sua bibliografia (como é caso do já citado “O Ano de 1993”) há a possibilidade de visualizar elementos que fascinam o leitor.

A percepção de Saramago, que era ateu, sobre a vida é aquela que deve ser meta de qualquer um: viva bem e não se importe com o que acontece depois. Daí o fato de suas maiores divagações serem a respeito de crises que acontecem conosco aqui mesmo na Terra, onde vivemos nossos sofrimentos e buscamos nossos momentos de alegria.

Mesmo num conto que poderia parecer sobre o que vem depois da vida, como “As intermitências da Morte”, o autor promove uma análise do problema da “greve da morte” para a nossa humanidade.

Por fim, a obra de Saramago não nos fornece soluções simples para os problemas em que se envolvem seus personagens, aliás ele nem sempre nomeia essas pessoas já que o que importa é que eles são, o que eles podem realizar e o que eles fazem acontecer. Por outro lado, ele está falando sobre “Eles” ou “Nós”?

Essa é uma pergunta que Saramago não responde, mas que pode ser interpretada como uma infinita forma de mostrar nosso âmago através daqueles que enojamos na farsa da literatura. É engraçado perceber, às vezes, que personagens com absurdos defeitos são muito parecidos com aqueles de carne e osso ao nosso lado (ou até nós mesmos).

Assim como Sócrates, o filósofo, apreciava mais o jogo entre as perguntas e as respostas, fazendo-nos pensar a respeito do que foi resolvido com essa dúvida, Saramago nos deixa sempre acabrunhados com as ações em suas obras e o sentimento é sempre de perplexidade com a lacuna que fica ao término das imagens produzidas pelas nossas próprias mentes após a leitura de suas histórias. Será que a vida não pode ser mais simples do que nós fazemos ela ser? Saramago não nos ensina isso de forma simples, propositadamente para que saibamos degustar aos poucos e refletir sobre os problemas da humanidade.