Arquivo mensal: abril 2015
Por enquanto é só no Rio, mas Phantogram vem aí
Monstros do Desrespeito
The War on Drugs conquista a América
A banda que chegou ao seu terceiro LP ano passado conseguiu ultrapassar a vagação apenas pela cena indie americana para alçar voos maiores de lá para cá.
Se havia feito algum barulho nas rádios universitárias com “Wagonwheel Blues” (2008) acabou por esfriar as expectativas da crítica com o fraco “Slave Ambient” (2012). Essa irregularidade qualitativa do grupo criado na Filadélfia o atrapalhou bastante para se firmar na cena interna, o que dirá na viagem pelos ouvidos da galera de fora do país.
Mas a excelência do álbum “Lost in the Dream” posicionou Adam Granduciel e seus comparsas num patamar que era irreal para eles até então. A vida dos caras não tem sido fácil e a atual turnê do grupo acarreta até 20 shows por mês (tendendo a aumentar isso já que farão uma esticada à Europa e Japão).
Com participação em alguns mega-festivais americanos desde o ano passado culminando na atividade única que proporcionou aos fãs que compareceram ao Coachella semana passada, a banda saboreia o sabor da fama e a necessidade de se mostrar para um público cada vez maior em locais nos quais não estão acostumados a aparecer.
Isso se comprova bastante na ida dos rapazes ao programa vespertino de Ellen Degeneres durante esta semana para se apresentarem meio sem jeito à plateia de senhoras da comediante.
Eles tocaram a linda “Red Eyes” e percebe-se que ainda não foram sugados pelo mainstream tanto na fala de seus integrantes quanto em seu posicionamento no palco e até mesmo nas roupas por eles usadas. A música é um misto da aura possante de Bruce Springsteen em consonância com crueza e habilidade narrativa de Bob Dylan numa letra que fala de depressão e altos e baixos de quem passa por este problema após a perda de um amor.
Na verdade, o último disco todo tem essa característica narrativa, mas também investe em guitarras bem ritmizadas dentro de uma sonoridade que alia os cânones americanos já citados com alguma influência de R.E.M. e Wilco.
É difícil ficar alheio à música do The War on Drugs executada neste trabalho que está sendo tão bem divulgado ao redor dos E.U.A., o que confere à banda o apelido de “queridinhos da América” da vez por parte de alguns especialistas no rock de lá, talvez até por resgatarem essa potência de um som mais adulto ianque.
Em tempo: já se falam em algumas conversas de bastidores para que o grupo venha ao Brasil, mas parece ser complexo o processo ainda para este ano, não só pela inflação dos cachês por conta do súbito sucesso deles, mas também por conta da agenda cheia. Quem sabe em 2016, certo?
The War on The Drugs – Red Eyes (Ellen Degeneres Show)
Filme sobre Kurt Cobain passará em várias cidades ao redor do país
Você realmente conhece Edgar Allan Poe?
Decidi realizar uma série de textos mais didáticos sobre alguns dos meus escritores favoritos por algumas razões que vão além do próprio prazer individual.
A questão é que percebo que muita gente do mundo da literatura e citada sem que o citador realmente conheça a obra do autor. Por meio de uma simples frase a pessoa simplesmente acha que já sabe tudo a respeito de um mestre do suspense, do gênero policial ou da poesia.
É óbvio que minha ideia não é a de destrinchar da cabeça aos pés estes escritores, mas pelo menos a ideia de poder mostrar um pouco de sua bibliografia, da estilística de sua escrita ou das características de seus romances faz com que as pessoas menos avisadas ou as mais jovens e ainda não conhecedoras de uma literatura mais clássica possam ir atrás de maiores informações que determinem uma melhoria de seu acervo literário.
Depois de falar um pouco acerca do grande poeta Charles Bukowski duas semanas atrás e de lançar algumas pitadas de informações sobre a Geração Beat de Kerouack e Burroughs chegou a hora de voltar alguns anos no tempo e sobrevoar a genialidade de Edgar Allan Poe.
Este americano que nasceu em 19 de janeiro de 1809 em Boston, Massachusetts ficou órfão logo aos dois anos de idade e foi enviado à Escócia e à Inglaterra para fazer seus estudos.
Por lá, já na Universidade da Virgínia, se tornou alcoólatra e grande adepto do jogo. É claro que história não é tão minimalista quanto esta, mas quem quiser saber mais a respeito procure por boas biografias do poeta tanto na internet como em livros publicados ao longo do último século.
Poe publicou seu primeiro livro de poesias em 1827. Seus poemas são pouco numerosos, mas compreendem versos de primeira classe, especialmente aquele que se tornou sua maior e mais clássica obra: o sinistro e soturno “O Corvo” acabou sendo traduzido para inúmeras línguas e foi publicado em centenas de países. Além disso, não é difícil encontrar traços dessa escrita fina e poderosa em outros textos de autores de nossa época. Anne Rice e Stephen King são dois nomes que me vêm à mente rapidamente.
Não há dúvida de que Edgar Allan Poe foi o mais romântico dos principais escritores americanos. Nas suas obras, ele não lidava com a ambiguidade minimalista entre o bem e o mal, ele apenas as apresentava como se fossem (e são) sentimentos e sensações inerentes ao homem e presentes em toda a natureza deste ser. Tampouco o autor se debruçava sobre lições de comportamento e moral. Sua crença era a de mostrar os acontecimentos e os sentimentos ofegantes humanos e se isso fosse capaz de criar a beleza e tocar a sensibilidade dos seus leitores, já era uma vitória para sua obra.
Além do famoso poema citado acima, “Os Sinos” se destaca por causa de seu tom sombrio. Por outro lado, alguns especialistas em seu trabalho preferem “Para Helena” e “Annabel Lee”, construções pouco mais complexas. É dele também o magnífico “O Gato Preto”.
Outra característica de Poe era sua ideia de beleza. O escritor dizia que nada seria mais romântico que um poema sobre a morte de uma mulher bonita. Tais tendências fazem dele um autêntico autor romântico que se aparenta em traços acentuados com Goethe.
Muitas de suas obras exploram a temática do sofrimento causado pela morte de um amante. Outra característica de sua poesia é a musicalidade, pois todas possuem um ritmo forte e profundo que poderiam muito bem ter dado certo na ópera ou no teatro de sua época. Muitas vezes essa sonoridade é promovida para ser mais imprescindível do que o próprio sentido final da frase ou verso.
Outra questão importante é a da faceta de Poe como autor de relatos que evolvem crimes de difícil solução que se envolvem de suspense e mistério. Mais do que o o escritor das sombras, da noite e do desconhecido ele também se engaja em realizar uma obra ficcional que servirá de base para a literatura noir americana do século XX.
Dessa forma, Edgar Allan Poe é considerado um possível criador do conto policial por causa de sua habilidade em montar tais histórias. Ele as planejava com perfeccionismo e demonstrava ser dono de uma eficácia ao transformar o leitor num espectador conduzido de maneira hipnotizante até que chegue ao fim da história.
Através disso também seus projetos se mostrar muito além de apenas gêneros, mas profundos relatos do ser humano e de seus temores.
Ele é autor do romance “O Relato de Arthur Gordon Pym” (que serviu de influência para Melville realizar o clássico Moby Dick) e de contos antológicos, entre eles, “Assassinatos na Rua Morgue” (que já até foi filmado para o cinema) e a coleção “Histórias extraordinárias”. Essas e outras narrativas de terror, de mistério e policiais são marcos na história da literatura, e foram capazes de mexer com a cabeça de muita gente de talento de seu tempo e do século seguinte como Conan Doyle, Agatha Christie, G. K. Chesterton e até sul-americanos como Jorge Luis Borges, Guimarães Rosa e Rubem Fonseca, todos por motivos diferentes.
O espírito desequilibrado e sua fragilidade física e psicológica fizeram com que ele tivesse problemas em idas e vindas durante toda sua curta vida. Poe sempre levou uma vida de miséria e de desespero, que terminou da maneira mais trisste possível sendo encontrado morto muito tempo depois de ter sucumbido.
Essa vida foi, ela própria, um romance digno de seu autor contando com o sofrimento humano tanto por dentro quanto por fora e devido aos excessos alcoólicos, pôs fim a uma carreira que não foi devidamente reconhecida em vida para ganhar a imortalidade literária posterior.
Bibliografia do Autor:
Contos
- 1833 – Ms.Found In a Bottle
- 1835 – Berenice
- 1835 – Morella
- 1838 – Ligeia
- 1839 – A Queda da Casa de Usher (“The Fall of the House of Usher”)
- 1839 – William Wilson
- 1841 – Os Assassinatos da Rua Morgue (“The Murders in the Rue Morgue”)
- 1841 – A Descent Into the Maelstrom
- 1842 – O Retrato Oval (“The Oval Portrait”)
- 1842 – A Máscara da Morte Rubra (“The Masque of the Red Death”)
- 1842 – O Mistério de Marie Rogêt (“The Mystery of Marie Rogêt”)
- 1842 – O Poço e o Pêndulo (“The Pit and the Pendulum”)
- 1843 – O Coração Revelador (“Tell Tale Heart”)
- 1843 – O Escaravelho de Ouro (“The Gold-Bug”)
- 1843 – O Gato Preto (“The Black Cat”)
- 1844 – O Enterro Prematuro (“The Premature Burial”)
- 1844 – A Carta Roubada (“The Purloined Letter”)
- 1845 – O Demônio da Perversidade (“The Imp of the Perverse”)
- 1845 – The System of Doctor Tarr and Professor Fether
- 1845 – Os Fatos que Envolveram o Caso Mr.Valdemar (“The Facts in the Case of M. Valdemar”)
- 1846 – O Barril de Amontillado (“The Cask of Amontillado”)
- 1849 – Hop-Frog ou Os Oito Orangotangos Acorrentados
Poesia
- 1827 – Tamerlane
- 1829 – Al Aaraaf
- 1830 – Alone
- 1831 – The City in the Sea
- 1833 – The Coliseum
- 1837 – O Verme Vencedor (“The Conqueror Worm”)
- 1839 – The Haunted Palace
- 1840 – Silence
- 1843 – Lenore
- 1845 – Eulalie
- 1845 – O Corvo (“The Raven”)
- 1847 – Ulalume
- 1848 – To Helen
- 1849 – A Dream Within a Dream
- 1849 – Eldorado
- 1849 – Annabel Lee
- 1849 – The Bells
Outras Obras
- 1838 – A Narrativa de Arthur Gordon Pym (“The Narrative of Arthur Gordon Pym of Nantucket”)
- 1844 – The Balloon Hoax
- 1846 – The Philosophy of Composition
- 1848 – Eureka
Fontes de Pesquisa
http://literatortura.com/2012/04/hora-do-poema-edgar-allan-poe/
http://www.infoescola.com/escritores/edgar-allan-poe/
http://www.lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=37
Geração Beat: como esses representantes da contracultura americana mudaram a literatura mundial
Tame Impala e sua viagem sonora dando trabalho aos editores de tv
Não deu nem para o blog informar sobre a música sensacional que a banda australiana jogou na rede dias desses, pois logo em seguida surgiram tantos outros assuntos.
Mas o mais importante é não deixar para trás o que o grupo capitaneado por Kevin Parker está preparando para lançar em breve em seu novo disco cheio.
O som se chama “Let it Happen” e o vídeo que você verá abaixo é de uma apresentação dos caras no Talk Show de Conan O’Brein e que, graças à viagem que foi proporcionada pelos mais de 8 minutos de música pulsante em cima do palco do apresentador americano, os editores do programa tiveram que diminuir o produto final que vai ao ar para cerca de 4 minutos.
O detalhe é que mesmo assim o negócio está muito bom!
Trata-se de um misto de baixo meio discotech com uma levada bem anos 60, característica primordial do quarteto da terra de Crocodilo Dunde.
Veja abaixo o vídeo já editado:
http://teamcoco.com/video/tame-impala-04-15-15?playlist=x%3BeyJ0eXBlIjoicmVsYXRlZCIsImlkIjo4ODc3Nn0