Música clássica de David Bowie vira curta-metragem

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Lançada há exatamente 50 anos, data comemorada neste Mês de Julho, “Space Oddity” sempre esteve envolta em mistérios e teorias sedimentadas pelos fãs.

A canção icônica de David Bowie que segue os últimos passos da trágica história de Major Tom e seu contato com o comando terrestre de sua missão espacial é uma das grandes ideias das milhares de ideias que o falecido artista britânico já teve em sua prolífica carreira.

Sendo assim, já era mais do que tempo de sair alguma coisa que reverberasse ainda mais a mitologia entorno do hit.

E juntando a fome (a canção em si) com a vontade de comer (os 50 anos da primeira vez que o homem pisou na lua) um diretor brasileiro chamado Juarez Rodrigues teve a coragem de realizar um curta-metragem com a temática e teve a colaboração da roteirista sul-africana  Vicky Jacob-Ebbinghaus para produzir Spacy Oddity: A Film.

A trama segue de forma quase literal o diálogo entre o Major Tom e sua base de comando enquanto mostra cenas captadas pela própria NASA resultando em imagens bonitas e impressionantes para qualquer um que já se pegou pensando na imensidão do universo e não está paralisado com teorias estapafúrdias de estúpidos terraplanistas.

 

Confira abaixo no que resultou este curta metragem:

 

 

 


 

O que aprender com Porto Rico

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Em tempos de mamadeira de piroca e kit gay sendo veiculados pela extrema direita tosca da maneira mais absurda possível e de candidato meia boca ser eleito no Brasil presidente da República por causa da ódio de setores da sociedade contra o outro partido que estava disputando o governo é de se pensar que algo muito estranho está acontecendo por aqui.

Junte a isso a maneira como as mentiras são contadas dia após dia pelo tal alcaide eleito por meio de fake news tão inverossímeis e a sua habilidade em fazer besteira (tanto com a boca, quanto com sua caneta Bic) e temos um quadro mais do que favorável para protestos massivos em toda a nação.

Pois eis que já os tivemos: os protestos pela educação no mês de Maio foram volumosos e quantitativos, faziam uso de um discurso que a população apoia (o respeito pela educação pública no país), mas tinham como foco central a destituição do ministro da pasta e a revogação de cortes no setor que vinham afetando as universidades públicas.

De certa forma, as manifestações foram benéficas naquele momento, pois houve um terremoto na área do governo em que mais se acenavam lugares ao núcleo duro dos asseclas do presidente e de seu guru Olavo de Carvalho, porém havia uma reação calculada dos correligionários ligados à milícia neofascista e duas manifestações também foram realizadas em favor da família, bons costumes e o papo furado da luta contra a corrupção.

Foram robustas as atividades de apoio ao presidente e ao ministro ex-juiz? Óbvio que não, mas só a possibilidade da existência de ações conjuntas ao redor do país com características semelhantes ou idênticas às de 1964 que levaram ao golpe militar daquele ano já resumem que vivemos tempos difíceis e complexos.

A questão é que o ex péssimo militar eleito para gerenciar essa terra durante os próximos 4 anos comete atos ilícitos, ilegais, imorais, insanos e boçais a cada dia sem que haja um contraditório à altura de suas barbaridades para que ele e sua massa ficassem vermelhos de vergonha.

Além desses acintes contra a democracia e a favor de uma ideologização forçada da maneira como caminhar com qualquer tipo de questão nas diferentes pastas do governo há também, e isso é tão ou mais sério ainda, denúncias gravíssimas contra filhos do presidente no que tange à corrupção ativa e passiva, cheques esquisitos em conta da primeira-dama, Queiroz (o assessor desaparecido que se percebia ser a pista a levar a muitas outras coisas mais cabeludas) e ainda as conversas da Vaza-Jato que dão conta de um processo de eliminação do maior adversário do atual presidente na eleição passada, isso sem falar na esquisitíssima aproximação do administrador da nação com os assassinos de Marielle Franco.

Ou seja, motivos para gigantescas atividades populares contra este governo não faltam. Enormes gatilhos para que se haja uma movimentação da opinião pública contra o presidente são promovidos por ele próprio a cada segundo que abre a boca, mas o que parece ser um indício de anestesiamento popular esconde outros problemas em conjunto que falaremos mais à frente.

Enquanto isso, um pouco mais acima no globo terrestre um caso chama à atenção: o governador de Porto Rico, estado livre associado aos EUA, Ricardo Rosselló, está prestes a renunciar ao cargo por conta de mensagens vazadas de uma conversa que teve dias atrás com outras autoridades e conselheiros do governo em que seu conteúdo promove zombarias e insultos contra jornalistas, artistas, grupos LGBT e políticos em geral.

Logo em seguida ao vazamento das conversas em que o governador participou (veja bem, em nenhum momento foi sequer considerado não ser utilizado pela imprensa tal situação já que o seu conteúdo é extremamente relevante) houve profunda reação da sociedade porto-riquenha e de sua opinião pública. Figuras conhecidas da localidade como Rick Martin (homossexual assumido) tomaram a frente das manifestações que logo saíram do âmbito virtual (mensagens indignadas no Twitter e Facebook) para a convocação de manifestos e protestos nas ruas.

Os políticos que não estavam no meio dessas conversas não muito republicanas e, principalmente aqueles que foram alvo delas, inflaram os pedidos por explicações imediatas de Rosselló e a imprensa do lugar deu voz  para que os manifestantes explicassem o motivo da ira e de sua justificação.

Ora, mas isso não tem sido feito aqui também no Brasil?

Não!

Então vejamos: se colocarmos em evidência somente as conversas vazadas do ex-juiz que virou ministro do país tendo participado em seu antigo cargo da condenação do principal adversário do atual presidente da República em que combinados entre defesa e judiciário renderam procedimentos usados na própria condenação do réu que, muito provavelmente, teria sido eleito no lugar de quem ganhou, temos um conteúdo muito mais explosivo do que ocorreu com o governador de Porto Rico.

E a questão maior é que mesmo sendo assim a situação envolvendo o administrador do Estado situado na América Central algo considerado menor também é passível de repulsa e discordância imediata. Envolve misoginia, homofobia e zombaria impróprias não só com o teor do cargo que ocupa, mas para qualquer pessoa que preza pela tolerância e boa convivência humana. É crime e crime contra os direitos humanos.

O caso no Brasil é que o presidente faz isso todo dia. E pode incluir, além das questões citadas acima nos crimes cometidos por Ricardo Rosselló também o de xenofobia, racismo, prevaricação e crimes de responsabilidade invariavelmente dia assim e dia também.

No caso do ex-juiz temos conversas que explicitam a infração do código de ética do judiciário, de combinados que podem ter promovido ilicitude com dinheiro público, abuso de autoridade e outras coisas não citadas ainda.

E qual é a real importância dada pela imprensa nacional? Quase item de curiosidade, um exotismo do atual governo. Os poucos que falam algo nos grandes jornais e principais meios de comunicação do país não são relevantes para o grande público, para a imensa massa, é gente que fala para uma fatia da população que ou está pouco se lixando para isso ou que concorda com isso. Há ainda uma parte que se importa, mas que ainda não é tão grande ou não está sabendo transferir essa fala para a base do povo.

São os sindicalistas, os representantes da esquerda no Congresso e no Senado, os humoristas e artistas em geral que continuam apostando no mundo virtual para proferir sua indignação.

No protesto do último final de semana, lá em Porto Rico, Rick Martin empunhava orgulhoso em cima de um automóvel, uma bandeira LGBT e a balançava de um lado para o outro como quem diz: “Eu sei que preciso mostrar isso aos quatro ventos, pois senão tal situação será esquecida facilmente”.

Alguém pode dizer que se trata de um show pirotécnico desnecessário, mas é fácil discordar: o que a extrema-direita tem feito no Brasil (e em outros locais ao redor do mundo nos últimos anos) é realizar apresentações de  luzes e de cores para gritar pra todo mundo ouvir sua indignação seletiva com a corrupção e “com tudo o que está aí” sabendo que esconde por trás disso a manutenção de seus privilégios.

Se a esquerda não acordar e perceber que precisa mostrar aos olhos de quem vê esse monte de loucuras acontecendo com coisas palpáveis e expressivas não vai parar de haver o enchimento do barril de chorume que tantos representantes dessa nova linhagem neofascista tem ajudado a ocorrer.

Os líderes político-partidários realmente relevantes precisam dar voz aos que já se percebem livres das fake news e pós-verdades para que se desamarrem também das cordas da mídia alinhada com o atual governo.

A reforma da previdência tem custado muito caro a quem é pobre, pois por conta do patrocínio de muitos dos meios de comunicação a ela vários podres do governo de apenas sete meses de atuação têm ficado embaixo do tapete.

Existe um bom número de pessoas que ou já sabia ou já percebeu que isso está acontecendo? Sim, existe, mas não está conseguindo penetrar nos corações e mentes da parcela que realmente precisa entender: quem passa fome, quem está desesperado por um emprego ou quem mesmo está perdendo seu poder de compra precisa ser laçado por gente dona da palavra, possível dona da mudança dessa narrativa.

São os artistas que não querem sair da  militância de celular, são os partidos de esquerda que ainda acreditam nas ações judiciais para que atos inconstitucionais sejam revertidos, são os advogados progressistas que creem na reviravolta de muitas situações injustas e ilegais no STF, são mesmo os esportistas famosos e cheios de fãs que precisam gritar aos microfones que não aceitam o que está acontecendo, são até os sindicalistas que fazem acordo com o governo e com o congresso para que as perdas sejam as mínimas possíveis esquecendo que o principal ativo de sua instituição são os seus associados.

Enquanto isso, há gente brava e guerreira na própria periferia, como os líderes e integrantes dos Slams (batalhas de poesias) que inflamam a plateia com suas ideias e seus gritos vociferando contra essa caravana de reacionarismo e mediocridade, há também os movimentos sociais como MST, MTST, Movimentos Negros em geral e LGBTs que já conseguem chegar às cabeças de meninos e meninas para enfrentar a violência, a fome, a falta de moradia e falta de livre pensar.

Mas para que a primeira leva (o mainstream) se encontre com a segunda (o pessoal do chão de rua) há a necessidade de que a pauta seja a mais próxima possível. A luta ainda é a de classes e tudo o que vem junto é bem vindo, mas numa situação como a que vivemos precisamos de holofote, precisamos de visão e muito mais criatividade.

 

Que aprendamos com Porto Rico para não perdermos mais do nosso presente e não seja destruído inteiramente nosso futuro.

 

Sem que haja um pensamento mais ativo e em prol de uma ação direta não haverá realmente uma frente popular e forte contra esse governo estúpido e criminoso. Sem uma base indignada sapiente do alvo que precisa atingir não se conseguirá promover a real meta: que este governo pare de nos matar e avacalhar com este país dia após dia.