O Vizinho do 1013

O Vizinho do 1013

Capítulo I: Alucinações?

Já passava da meia-noite, Matthew olhava para o relógio pendurado na parede da sala-de-estar, todos ainda acordados, agitados, preparando tudo para aquela manhã. Halloween, ou dia das bruxas.

Matthew já cansado, meio que da sua família, (ou daquele clima festivo) se levantou, deu um suspiro e foi andando em direção à janela, até então fechada.

O menino olhou através do vidro a imensidão do céu, ainda escuro lá fora. Algumas pessoas já haviam decorado suas casas, a sua era uma das poucas que ainda estava sem enfeite algum.

A rua já estava deserta, a não ser… “Espera” – O menino levou um susto. “Aquele hom.. Aquele homem não estava ali antes”, pensou Matthew ao reparar uma nova sombra do outro lado da rua.

O homem com certeza o estava encarando, Matthew encarou-o de volta apenas por alguns segundos.

– E… eei – ele virou a cabeça e começou a falar, mas quando viu que ninguém estava prestando atenção nele logo se calou.

Ele se virou de volta esperando não encontrar o homem ali, mas para sua falta de sorte o homem ainda o encarava.

Matthew ficou encarando a janela.

– Matth… Matthew! , mamãe, Matth está me assustando, olhando pra janela desse jeito – disse Caroline sua irmã mais velha.

– Matthew querido o que tanto olha pra essa janela?

Matthew se virou, sua mãe estava se aproximando.

– Hmm… Aquele cara ali, ele está me encarando já faz um tempo.

Sua mãe olhou para fora, mas o homem já havia ido embora.

– Querido… – Sua mãe começou, após colocar a mão sobre sua testa – Acho que você deveria ir se deitar, depois de todo esse trabalho não tem como não ter alucinações – disse sua mãe dando um sorriso muito simpático.

Capítulo II: Sozinho? Talvez.

Matthew acordou suado, não conseguia se lembrar de te ido se deitar, ele teve um sonho terrível, no qual ia parar em outra dimensão, ele ficava lá por horas sozinho, “Sozinho…” – pensou ele.

Nunca pensara em ficar sozinho antes, no sonho um homem chegava perto dele, os passos ecoando no solo molhado, seu rosto não aparecia no sonho,ele estava com uma mascara branca, com um sorriso meio irônico estampado na mascara de plástico.

O homem segurava um machado cheio de sangue, ele soltava uma gargalhada e só dizia e repetia uma única palavra: “Sozinho… HAHAHAHAHAHAHAHA SOZINHO… SOZINHO”.

– Matth tá na hora do café. Caroline entrara no quarto, ainda de pijama e sentou em sua cama – Credo Matth! Você está todo suado. Levanta daí e vai tomar um banho!

“Que saco!” – pensou Matth, “Não basta ter esse pesadelo, agora tenho que ouvir minha irmã mais velha reclamando do meu suor.”

O garoto se levantou e foi direto para o chuveiro.

Capítulo III: Dia de Halloween

Depois do banho Matthew desceu as escadas e foi direto para mesa que estivera noite passada, deu uma olhada passageira pela janela e lembrou-se de seu sonho.

– Matth… Matth!
– Ãhn? O que?
– Eu estava dizendo… Você se sente melhor? Você parecia meio cansado ontem à noite. – Disse sua mãe.
– Ahm… Quero dizer, acho que sim.

Sua mãe deu um sorriso, diferente do da noite passada, esse parecia mais tranquilo.

– Que bom, sente-se e tome seu café, hoje o dia vai ser longo!

***

Logo depois do café, (que aliás estava muito bom, biscoitos de chocolate, bolo de creme, gelatina de morango, suco de laranja e algumas frutas) a campainha tocou, era Lindsey a melhor amiga de Matthew.

– Hey! – Disse ela com um breve aceno.

– Ahn… Oi.

Lindsey era uma garota baixa para sua idade, mas Matthew não ligava, gostava dela daquele jeito, pequena, olhos cor-de-mel muito brilhantes, com o cabelo tingido de vermelho-amora, aliás, cabelos bem curtos, no pescoço, com uma longa franja, branca como neve, e aquele jeito meigo de falar com as pessoas.

Matthew olhou atrás de Lindsey – ou Lindy, como ele a chamava, a casa onde antes um homem desconhecido estivera encarando-o, agora estava toda enfeitada, e na frente havia um caminhão de mudanças.

– O que está acontecendo?

– Acho que são seus novos vizinhos!

– Novos vizinhos? – Disse Matthew com uma cara de desaprovação.

– É, dizem que ele veio da Flórida, e que é o Rei do Halloween. Cara, ele dá doces de verdade! – Lindy deu um largo sorriso, como se gostasse muito disso, outra coisa que Matthew gostava nela, sua capacidade de se alegrar com coisas bobas.

Matthew deu um sorriso bobo e disse:

– Rei do Halloween é? Acho isso uma tolice, mas você sabe como amo chocolate né?

Isso era verdade, aliás, era uma das coisas favoritas de Matth, além de Lindy.

Capítulo IV: Problemas no Halloween.

A escola de Matthew era a única da região a ter aula no Halloween, o que como qualquer pessoa em sua certa consciência, odiaria, mas Matth gostava, e ele tinha certeza disso. Além de ser uma desculpa a mais para poder ficar perto de Lindy, ele amava ir à biblioteca.

Lindy já o esperava no ponto de ônibus para eles irem juntos.

– Hey!… Matth?

Ela o encarava com uma cara preocupada.

– Ei, não olha assim para mim! – disse Matth, sentindo seu rosto corar.

– ÃHN? Desculpe, é que… Você parece triste.

– Ah, não é nada, só não gosto muito de Halloween.

– Bem… Tem mais alguma coisa, não tem?

– Minha família parece bem ocupada com o Halloween, tanto que está meio que me incomodando, não se preocupe, pois de vez em quando me sinto assim.

Matth, realmente queria acreditar que o problema era sua família, mas nem ele sabia ao certo com o que se preocupava, só tinha certeza de uma coisa, odiava ter que se lembrar da gargalhada do homem em seu sonho.

Lindsey ainda olhava para ele preocupada.

– Vamos! – disse ele com um gesto indicando o ônibus.

***

Chegando à escola, logo na entrada já se sabia que o dia não ia ser normal. Cartazes indicando que o Halloween havia chegado, abóboras faziam parte da decoração tanto dentro quanto fora da escola, mas, além disso, na parede havia uma tabela de eventos que iriam acontecer na escola.

-1:30 – O teatro da escola apresenta : À MEIA-NOITE.
-3:00 – Veja seu futuro conosco!
-3:50 – Interprete de sonhos.
-4:35 – O labirinto do terror.
-5:00 – Cinema: O machado do inferno à meia-noite.

E, por fim, às 6 horas, nós teremos nossa grande atração, todos se reúnam no pátio dos fundos na escola.

– Ei, você viu isso? “Grande Atração…”, o que será que é? – disse Lindy.
– Não sei, mas do jeito que nossa escola é não duvido nada que sejam nossos próprios caixões.

***

Algo chamou a atenção de Matthew, onde ele estava agora? Ele abriu seus olhos e estava numa sala escura, estrelinhas de plástico brilhantes ficavam penduradas sobre o teto, a única luminosidade da sala vinha de um abajur de bolinha a sua frente. Ele não estava sozinho, a sua frente uma menina, morena clara, olhos verdes, cabelos castanhos no ombro, o encarava, era Lisa.

Lisa era, podemos dizer uma menina muito suspeita, por sinal, todos achavam que ela via almas perdidas, ou sentia presenças do além, deve ser por isso que a escolheram para ser a interprete de sonhos, no evento da escola.

Mas como Matthew havia chegado ali? Não se lembrara de ter andado nem 1 centímetro, e Lindy? Onde ela estava?

– Ãhn… Lisa, como cheguei aqui?

– O seu sonho te assombra, não é mesmo? O homem mascarado… Você odeia ficar sozinho, não é?

– Eei… Ei como você sabe disso?

– Isso não importa, você só tem que correr, CORRA!

Matthew, àquelas alturas já não estava entendendo mais nada.

– Como assim, Lisa? O que tá acontecendo?

– Você só tem que correr, mas nunca, NUNCA olhe nos olhos, as portas da alma se abriram e querem te aprisionar na solidão.

Matthew se levantou, “Essa menina tá maluca.” – pensou. Ele saiu apressado da sala. Olhou em volta, mas nada de Lindy, resolveu então procurar um pouco por ela, mas… nada.

O garoto foi caminhando em direção à biblioteca da escola que ficava afastada do resto das salas, como sempre não tinha ninguém lá, nem mesmo as bibliotecárias que costumavam não gostar muito dele, mas a porta estava aberta e então entrou.

Foi caminhando em direção à prateleira onde o nome indicava “Aventura”, eram os favoritos da Lindy, foi passando a mão cuidadosamente em cada livro.

Matth olhou pela janela da biblioteca, e embaixo estava deserto, até mais do que a biblioteca. De repente, lembrou-se do que Lisa lhe falara: “… As portas da alma se abriram e querem te aprisionar na solidão.

Matthew se levantou , “Essa menina tá maluca.” – pensou. Ele saiu apressado da sala. Olhou em volta, mas nada de Lindy, resolveu então procurar um pouco por ela, mas… nada .

O que ela quis dizer com aquilo?. Ele olhou novamente para as árvores, tinha uma sombra atrás da árvore, era alguém, realmente havia alguém ali. Seja quem for a sombra se virou e ficou observando Matth.

– BU!

– AAAAAAAAAAAh – Matthew levou um susto, quando se virou, não era ninguém mais a não ser, Lindy.

– Eu realmente te assustei, né? – disse Lindy com um sorriso simpático no rosto. – O que você estava olhando?

Ela olhou pela janela atrás de Matth, mas não havia mais ninguém lá embaixo.

-Ca..Cara você sumiu, aonde você foi? – começou Matth.

– Aonde eu fui? Aonde VOCÊ foi. Você estava do meu lado, quando virei você tinha sumido, passei a tarde inteira te procurando, nem aproveitei nada.- disse Lindy com uma cara de desaprovação.

Lindy se sentia aliviada, assim como o Matthew que depois do choque, só lhe restou dar risada.

– Bem… vamos?
– Pra onde ?
– Matth ? Você ao menos sabe que horas são?
– Ãhn… Não!
– Ah meu Deus, a escola já está fechando!
– Mas como assim? Qual era a grande atração?

Lindy sorriu.

– Vamos!

Capitulo 5: Noite de Halloween e O vizinho do 1013.

– MATTH, MATTH QUERIDO, ANDA RÁPIDO , LINDY JÁ ESTÁ AQUI.

Matthew já estava quase pronto, só faltava sua cartola. Ele estava vestido com roupas e uma luva sem dedos totalmente pretas, por cima vestia uma capa, e em seu rosto, uma máscara, assim como no sonho, branca com um sorriso meio irônico.

O menino desceu as escadas, e na sala sentada na ponta do sofá, estava Lindsey. Ela estava realmente linda, tirando o fato que ela estava de zumbi. Vestia uma roupa parcialmente destruída, a maquiagem a deixava muito bonita mesmo que fosse medonha.

Ela se levantou e eles saíram.

– Matth tome cuidado! – disse sua mãe com cara de preocupada.

***

– A sua irmã não vai com a gente? – Disse Lindsey.

– Ah, não. Ela acha isso coisa de criança, mas bem que ela pega todos os meus doces!

Eles foram caminhando para longe, iam começar da rua de baixo, como sempre faziam.

– Ãhn Lindy – começou Matth.- Você não acha aquele homem, quero dizer o meu novo vizinho…

– Ah, o rei dos doces?

– É…você não acha ele, hmm… meio estranho?

Lindsey sorriu.

– Você tá com medo do seu novo vizinho?

– ÃHN? Claro que não, você tá maluca?

– Ahn, você tá sim, eu te conheço, mas… mas, porque?

Matthew se rendeu, não poderia esconder isso, ainda mais de sua melhor amiga.

– Pode se dizer mais que eu estou preocupado, não com medo.

– Hmm… preocupado com o que?

– Ah não sei! – Disse Matthew andando mais depressa.

Ele realmente não sabia, “Preocupado com o que” – veio em sua mente.

– MATTH! CUIDADOOO!

A última coisa que Matthew não queria naquela noite era perder as pessoas que ele mais amava.

***

Matthew levantou com cuidado, estava de dia agora, o que acontecera?

– Eu disse pra tomar cuidado! – Disse Lindsey, o ajudando a levantar.

Eles estavam voltando para casa, Matthew reconhecia aquele lugar, mas estava meio diferente..

– Eles cortaram a grama daqui? Não só isso, todas as casas estão vermelhas também.

– Do que você está falando? Seu doido! – disse Lindsey.

– Ei! – disse Matthew com uma voz de desapontado. Lindsey nunca realmente falara com ele daquele jeito.

– O que aconteceu aqui, Lindy?

– Hmm… Você está falando do fato de você ter tropeçado e caído, mesmo depois de eu ter falado pra tomar cuidado, ou você está falando das casas vermelhas?

– Ahn… Das casas vermelhas.

– Ah… eu não sei, desde que eu me mudei pra cá as casas daqui são assim.

– A minha casa também é vermelha? – Disse Matth, como se realmente achasse graça naquilo, ele sempre quis pintar a casa de vermelho sangue, mas todos sempre diziam “Vermelho sangue? Que horror!” ou “Você não acha que verde é uma cor linda?”

– É… Bem, na verdade, todas as casas da cidade são vermelho sangue, isso não é um saco?

Matthew sorriu. Já não estava entendendo mais nada.

Eles foram caminhando até chegarem em sua casa, Lindsey não estava brincando, todas as casas, incluindo a dele, eram vermelhas.

-Bem… – Ele começou. – Que dia é hoje?

– Você tá brincando né? Hoje é Halloween cara, Halloween.

Matthew olhou para o outro lado da rua. Lá estava ela, a casa do homem desconhecido.

– Lindy, você sabe quem mora naquela casa?

– Pelo jeito você não está brincando mesmo. – Ela disse com uma cara séria. – Bem eu não sei direito, ele também já estava aí quando eu me mudei, disseram que ele é estranho, mas que no dia das bruxas sempre distribuem muitos doces! Cara são doces de verdade!

“Pelo jeito você não mudou tanto” – Pensou Matth.

Capitulo 6 : O fim.

Matthew entrou em casa, mas não parecia sua casa. Os móveis, os eletrodomésticos e até mesmo os quadros da parede tinham mudado.

– MÃE?

Sua mãe estava caída, e no chão o sangue vermelho se espalhava pelo chão.

– Oque.. o que aconteceu? CAROLINE? CAROLINE.

Ninguém respondeu.

– Mas.. mas.. O que está acontecendo?

Matth saiu de casa correndo, ainda com a mochila nas costas – Mas…O que estava acontecendo? Porque sua mãe estava morta e não tinha ninguém em casa?

Ele foi andando reto, as ruas pareciam desertas, ele passou na frente de uma casa e para sua surpresa, Lisa, a menina com comportamento estranho, estava sentada em sua frente.

– MATTHEW! – Gritou ela.

– Lisa! – disse o garoto desesperado.

– O que está acontecendo? Você tá com uma cara horrível.

– Porque tá acontecendo isso? PORQUE?

– Não faço a mínima ideia, você acha que o homem no seu sonho tem alguma coisa a ver com isso?

– Como você sabe do meu sonho? – disse ele com os olhos arregalados, olheiras em volta dos seus olhos faziam parecer que estivera chorado o dia inteiro.

– Não sei… eu só sei que sei. E sei também que esse não é o mesmo mundo em que você vive.

– Que?

– Matth, você precisa ir agora, VAI. – Ela disse arregalando os olhos e o empurrando.

Ele foi andando desesperado em direção a sua casa.

Quando chegou na frente de sua casa, sentou na calçada e ficou observando a casa do vizinho.

– É bonita não? – falou uma voz familiar ao seu lado.

Matthew não respondeu. Ele olhou para cima e levou um susto, Um homem com as mesmas roupas que ele na noite passada. Matthew se levantou.

– Quem é você?

– Você não me reconhece? Ainda bem. – O homem falou com uma voz fria. – Prefiro assim.

– Foi você que matou minha mãe? Foi você que ficou me encarando? Como cheguei aqui?
O que aconteceu? O que está acontecendo? QUEM É VOCÊ?

-Opa… você parece bravo. Eu só posso dizer uma coisa, aqui você está sozinho, Sozinho.

Matthew olhou bem nos olhos dele, encarando-o.